Sobre Nós



O corpo é a nossa morada, a nossa casa, a nossa fronteira, a terra e a memória da nossa identidade. Através dele, interagimos com o ambiente, sentimos, percebemos, interpretamos, somos e falamos. É através do corpo que nos experienciamos e conhecemos a nós próprios e aos outros, que construímos uma visão do mundo a partir da ligação constante e profundamente interdependente desta nossa qualidade e condição de Corpo-Terra. 

O corpo representa um agente primordial dos lugares que habitamos e por onde vamos sendo, na anatomia da comunicação, das pessoas e das comunidades. Corpo e Terra são a nossa casa, tudo o que está “lá fora” existe em nós, da mesma forma que o que nos rodeia é um reflexo da nossa presença e participação no mundo. Cada um de nós é um espaço vivo e ressonante da nossa ligação intrínseca ao ambiente, em todos os aspectos do que significa ser humano e a tudo quanto representa o nosso planeta. 

O corpo é o contorno vital da nossa relação com o Outro, da nossa imagem e amor-próprio, ele constitui o principal modo de percepção e expressão do ser humano, sendo o movimento uma qualidade inerente à própria vida. A relação que temos com o nosso corpo é a mesma que evidenciamos com a natureza, as nossas atitudes para com o nosso corpo estão intimamente ligadas ao estado de saúde do planeta. A crise ambiental é, acima de tudo, uma crise de atitude e de valores que começa na alienação da vivência do Corpo –  corpo físico, somático, emocional, mental, intuitivo, espiritual, social, cultural...

Descobrir e conhecer o nosso corpo, saber escutar, ler, falar e escrever com ele de modo integrado, autêntico e criativo – transformando o corpo percebido em corpo expressivo e subjectivo, que significa, que quer dizer e que diz de si - é uma dimensão de extrema importância no crescimento e desenvolvimento harmonioso de todas as pessoas. 

A arte e a livre expressão são um lugar e um tempo únicos, através das quais nos relacionamos directamente com a Terra através do Corpo. As vivências estéticas e expressivas são especialmente criadoras de uma sensibilidade activa que nos permite descobrir o nosso parentesco com o mundo e todas as suas formas de vida, desenvolvendo atitudes e comportamentos, em nós próprios e nas comunidades, que desenvolvem uma relação ressonante entre Corpo e Terra, um diálogo entre Homem e Natureza que nos permitirá enfrentar os desafios sem precedentes com que nos deparamos a todo o instante.

Terra.Corpo é um espaço de intervenção artística e sociocultural, fundado em metodologias artísticas participadas, terapêuticas, criativas, integradoras e inclusivas, centradas no corpo, no movimento e na expressão poética, enquanto facilitadores de uma maior participação social e dinamização cultural. O nosso conceito de acção associa técnica, comunicação, expressão, sensibilidade e criatividade, no sentido de proporcionar à dimensão vivencial de cada pessoa um lugar de destaque, bem como promover uma maior consciência e equilíbrio corpo-mente-emoção-acção.

Com uma perspectiva ecocêntrica (earth centered), a nossa visão de intervenção comunitária funda-se na Geopoética, na Arte Comunidade, na Educação Emocional e na Ecologia Humana, enquanto dimensões consciencializadoras e criadoras de desenvolvimento humano, construindo circunstâncias onde cada um possa descobrir-se como sujeito e ser de indagação e mudança. Privilegiamos as linguagens expressivas não-verbais e a expressão poética, pelo seu valor transformador, integrador e inclusivo de cada Pessoa como um todo com um património humano - físico e emocional, expressivo e imaginante, familiar e cultural - único. 

Terra.Corpo tem como principais actividades: Dança Movimento Terapia, Dança Criativa, Poética do Movimento, Dança Empatia, Oficinas de Expressão Artística Multidisciplinar, Formação e Workshops, Escrita Criativa, Escrita Autorrealizadora, Expressão Poética, Book Art, Programas de Outdoor e Groupbuilding, Performance e Arte na Rua, Projectos de Investigação e de Intervenção Comunitária, Oficinas de Ser-Na-Paisagem, Programas de Sensibilização para o Património Natural e Cultural. Para todas as idades e contextos humanos. 

O PROJECTO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA DE TERRA.CORPO


O dinamismo próprio das realidades sociais exige um reajustamento constante dos processos de intervenção, investigação e acção sociocultural. A sociedade actual, profundamente marcada pelo fenómeno da globalização, traz consigo uma série de riscos e potencialidades resultantes da confluência de diversas práticas e culturas num cenário único que complexifica as relações humanas, uma vez que implica a presença do diferente não só num sentido físico, mas também emocional, intelectual e espiritual, um fenómeno que transforma os espaços de convivência multicultural em lugares de concorrência de maneiras diversas de compreender e interpretar a mesma realidade.

Perto e à nossa volta, do outro lado da rua, o mundo apresenta-se com características cada vez mais multiculturais, multilinguísticas, multisocioeconómicas e multigeracionais. Ao mesmo tempo, crescem os movimentos de intolerância, violência, predação cultural, monocultura e desumanização, pelo que é importante desenvolver novas competências para a interacção, através de estratégias não-verbais e do constante recurso à expressão criativa, enquanto aproximação a uma linguagem que se construa, ao mesmo tempo, comum e integradora da diversidade.

As práticas artísticas são uma tecnologia social que estimula a (inter)acção e mobiliza mudanças de atitudes, através de processos transformadores de pedagogia participativa e comunicação positiva entre pessoas, grupos e comunidades. A partir da diversidade cultural e de necessidades sociais/pessoais emergentes, as práticas artísticas motivam cada sujeito a descobrir que é criador e portador de cultura, podendo ultrapassar os seus constrangimentos e circunstâncias. Nesse sentido, compete-nos acima de tudo, não ignorar a circularidade que constitui cada indivíduo, encontrando estratégias e linguagens que estimulem o seu ser autêntico e espontâneo para a comunicação verdadeira e integral em que se põe algo em comum, em que diversas subjectividades se encontram para criar. No entanto, para criar é necessário mudar, movimentar, fazer acto de sujeito singular, problematizar e reflectir a sociedade em que vivemos para superar as suas contradições; é necessário comprometermo-nos “de corpo e alma” com essa realidade, para recriá-la constantemente e sermos protagonistas não só de um saber adquirido, mas também de um saber construído e um saber infinitamente novo – em simultâneo e a cada momento em que nos lançamos na aventura de ser-estar com os outros, com o meio que nos envolve e do qual somos parte integrante e força motriz. 

Terra.Corpo, no seu papel de configurador de sentidos, de experimentação das influências culturais e das percepções das pessoas intervenientes, desenvolve dinâmicas significativas de reconhecimento, consolidação e integração dos vários saberes e competências.



Terra.Corpo pretende dinamizar acções e oportunidades para o encontro, a comunicação autêntica, a aprendizagem partilhada e processos de interacção artística, através de vários projectos e programas de intervenção, descobrindo e desenvolvendo novas constelações e redes de trabalho, promovendo espaços culturalmente abertos e socialmente inclusivos, rompendo ciclos pessoais e comunitários de entropia e mesmidade. Nesse sentido, são nossos principais desafios:

- Reforçar a importância da intervenção sociocultural artística, através da educação expressiva, do movimento e da linguagem poética, como estratégia de intervenção potencialmente libertadora, integradora e inclusiva, facilitadora de importantes trocas interpessoais e culturais, de maior participação social, enabling e empowering pessoal e grupal;

- Sensibilizar para a participação directa do corpo nas relações sociais e empáticas, cada vez mais indirectas e mediatizadas nos dias de hoje e a sua relação com o processo de construção de identidade nas crianças;

- Fazer da curiosidade, do encantamento e da experimentação, uma filosofia social e uma prática educativa de construção do conhecimento, através de uma metodologia que permita pensar sobre a acção, em acção, com as “mãos na massa” e nos conceitos, dentro da qual a aprendizagem possa ser um processo verdadeiramente partilhado e vivo;

- Fundamentar a necessidade de promover mais abordagens não-verbais na qualidade relacional e cultural das intervenções socioculturais e educativas na comunidade, compreendendo e vivenciando que no outro anuncia-se uma alteridade impossível de captar racionalmente/verbalmente;

- Reconciliar a Língua com a comunicação humana, enquanto forma de interacção nos quotidianos artísticos, criativos e expressivos de todas as pessoas, através da criação de contextos e vivências favorecedoras de uma relação gratificante com a oralidade, a escrita e a leitura e o maravilhoso mundo da poesia, em particular;

- Estimular renovadas reflexões acerca de como as práticas artísticas podem dinamizar e utilizar os recursos expressivos e criativos de desenvolvimento pessoal, grupal e comunitário, de como operacionalizá-los para uma cultura de Paz e de Liberdade;

- Oferecer contextos de encontro e desenvolver práticas de investigação pela Arte, contribuindo para novas metodologias de pesquisa e de investigação, capazes de promoverem aprendizagens significativas produtoras de Conhecimento.

Para responder aos inúmeros desafios que encontramos ou que semeamos, reconhecemos na Dança e na Poesia as linguagens artísticas imprescindíveis de conhecimento do mundo e de si próprio, na realização pessoal, na construção e na incorporação dos saberes, pensares e sentires de cada um.

A Dança é um recurso fundamental de crescimento pessoal que nos permite aceder a uma comunicação profunda e a ser-em-acção, tornando visível e sensível a natureza nómada e migrante do ser humano, na forma como emoções, factos, sensações, ideias viajam entre si numa relação inalienável pelo espaço, pelo tempo e através dos outros. Ao longo da nossa existência, tudo acontece num lugar, com um ritmo e uma trajectória de gestos própria. A dança é um mapa para pensar e sentir, construído pela experiência do corpo em movimento reflectindo a universalidade que nos permite comunicar e, ao mesmo tempo, expressar a particularidade única de cada pessoa. Nesse sentido, é transversal a todas as actividades que o Terra.Corpo promove, a preocupação em desenvolver uma compreensão do corpo e do movimento enquanto actividade humana expressiva e simbólica em constante interacção com o meio e que reflecte os vários contextos em que se desenvolve, bem como a nossa atitude interna perante estes, conciliando diferentes modos de ser e de ver.

No mesmo sentido, a Poesia tem uma presença constante nas nossas intervenções, enquanto leitura intuitiva e intencional do mundo que surpreende as relações invisíveis entre as coisas, no pleno exercício da sensibilidade, da imaginação, de uma vivência da poética de si e da vida. Fala-se mal, depressa e abreviadamente, escreve-se pior, lê-se pouco ou nada. Este afastamento da Língua traduz-se em emaranhados de opiniões insustentáveis, numa comunicação cada vez mais violenta e em pensamentos esvaziados de sujeito e de compromisso com o mundo. A expressão poética surge assim como estratégia conciliadora do Mundo - seus contrastes, divergências e encantos - cujo  poder transformador das palavras devolve-nos à nossa lucidez criativa e criadora, ao espírito crítico e reflexivo, a uma aprendizagem autêntica da liberdade. 

A Dança e a Poesia são assim priorizadas no Terra.Corpo enquanto linguagens artísticas participadas do olhar e do sentir, de ouvir e de ser ouvido, de co-mover-se com a realidade através do património cinestésico pessoal e social de cada um. A Dança e a Poesia como aprendizagem da descoberta e de uma verdadeira relação com o meio, expressas numa linguagem própria, motivadora e ressonante de um humanismo corajoso e solidário. A Dança e a Poesia como constructoras de subjectividades, valores, atitudes e práticas que possam preservar a integridade criativa do homem e a vida do planeta. 



É nossa missão criar um espaço criativo, lúdico, artístico e pedagógico de educação expressiva e dinamização cultural. São nossos verbos de acção:

- Proporcionar condições e momentos que contribuam para iguais oportunidades de realização pessoal, escolar e social, desenvolvendo e optimizando as múltiplas capacidades de cada um, descobrindo e estimulando a excelência que existe em si, no respeito pelas suas características individuais, familiares, culturais;

- Facilitar aprendizagens significativas de forma criativa e expressiva, desenvolvendo experiências que promovam o crescimento feliz e harmonioso das pessoas e das suas incontáveis multitudes;

- Desenvolver temas, actividades e iniciativas que estimulem a criação artística, a imaginação criadora, a participação estética, crítica e activa na sociedade, perante o mundo e os seus desafios;

 - Interagir com a comunidade local, estabelecendo relações de proximidade e de cooperação através da implementação de projectos socioculturais;

- Criar experiências e vivências em contato direto com a Natureza, que possibilitem a construção de novas reconfigurações identitárias com os lugares, os territórios e a paisagem;

- Apoiar o sistema familiar e escolar de crianças e jovens, acolhendo as suas expectativas, colaborando com as suas necessidades e capacidades, em acções conjuntas de parceria efectiva, através da promoção de espaços de encontro, partilha e formação.

Procuramos encontrar formas e códigos que permitam que os sujeitos se situem, narrem, contem a sua história, formulem intenções e objectivos, partilhem diferenças e convicções, porque «A identidade do eu revela-se apenas numa comunidade que interage: quem somos, depende de como nos revelamos aos outros e a nós próprios» (Benhabib). 
Convocamos a geopoética do corpo vivido in situ, onde ser-pertencer-participar são a cronologia tridimensional de cada acontecimento de encontro, reconstruído na polifonia das arqueologias pessoais e da obra aberta que infinitamente somos todos.
Terra.Corpo é visto e sentido enquanto um “nós”, onde Corpo e Terra são situados num contexto, num lugar, num mundo socioafectivo. Um espaço e um tempo de enraizamento, feito de histórias comuns e de pertença afectiva, de experiências criativas, um lugar humano onde se aprende a ser-estar próximo do próximo, à distância de um toque de mão ou de um sorriso. Num apelo ao direito à discrepância, à diversidade e à reciprocidade.




Pela saúde da Língua, o Terra.Corpo fala e escreve em desobediência ao Acordo Ortográfico de 1990.


Fotografias: Terra.Corpo


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